Durante a visita da reportagem do Jornal de Monte à turma do 2º ano do Ensino Médio, em uma sala onde existiam 26 alunos presentes, apenas uma jovem não trazia o aparelho para sala de aula. Todos os outros 25 alunos relataram que já haviam utilizado o celular na sala de aula e, muitas vezes, para atender ligação dos próprios pais. O governador de São Paulo, José Serra, sancionou o projeto de lei, no ano passado, que proíbe o uso de telefone celular nas escolas durante o horário de aula. De acordo com o texto, o uso do aparelho está proibido nos “estabelecimentos de ensino do estado”, cabendo aos professores a fiscalização e às escolas definirem a punição aos alunos que desrespeitarem a norma. Na escola Capitão, os professores são orientados a recolher os aparelhos que estão atrapalhando a aula e entregar à direção, só podendo ser entregue aos pais ou responsável do aluno. “Apesar de tanta fiscalização, conscientização e pedidos na reunião de pais e mestres, os alunos continuam atendendo os celulares na sala de aula, brincando, assistindo TV ou ouvindo música. Se isso não for conscientizado, teremos que recolher os celulares que atrapalharem a aula e entregarmos à Polícia Civil, para serem entregues aos responsáveis legais”. Segundo os alunos entrevistados, é automático o uso de aparelho dentro das salas. “O celular deixou de ser acessório, agora é fundamental. Somos inseparáveis: estilo mãe e filho”, relatou uma jovem. “É automático: tocou é inevitável não atender”, afirmaram outros. Veja mais notícias, informação, entretenimento e cobertura de eventos em www.destaquesocial.com.br | ||||
sábado, 12 de maio de 2012
APESAR DA LEI, ALUNOS USAM CELULARES NA SALA DE AULA
UM NOVO MODO DE OLHAR O MUNDO
Por José Carlos Antonio
As novas tecnologias
digitais de informação e comunicação, e suas tecnologias associadas, nos
tornaram mais preguiçosos, sem a menor dúvida. Veja, por exemplo, o controle
remoto. Quem, em sã consciência, o dispensa para levantar da poltrona e ir até
a televisão, apertar botões para mudar de canal?
E o que dizer do telefone celular atual, que
evoluiu a tal ponto que pode ser usado até mesmo como controle remoto da
televisão, ou ainda, incorporar em si mesmo a própria televisão?!
E nem adianta criticar esse “mundo novo”
porque na maioria das vezes a crítica acaba sendo hipócrita, como a crítica do
professor que condena seus alunos por levarem o telefone celular na escola, mas
que não tira o próprio celular da bolsa porque sabe o quanto ele é útil e divertido.
Que critica o aluno que não faz tarefas de casa e ao invés disso fica horas na
internet mas, ele mesmo, não prepara aulas e todo dia fica horas no Orkut,
cuidando de sua “colheita feliz” ou atirando passarinhos contra obstáculos.
A tecnologia digital é cômoda e divertida.
Por isso nos atrai tanto. Por isso nos distrai tanto!
A tecnologia não pode ser encarada como uma
espécie de “aberração” em nossas vidas. Ela é uma consequência natural da
inteligência e da criatividade humana. Abrir mão da tecnologia não deixa de
ser, guardadas as devidas proporções aos mais puristas, abrir mão de nossa
própria humanidade. Usá-la bem ou mal também depende muito mais da nossa
“humanidade” do que da tecnologia por si mesma.
Diante desse cenário há quem queira parecer
desolado, abatido diante das inexoráveis evidências de que o mundo mudou mesmo;
mas, também há os hipócritas reacionários, os primitivistas e os deslumbrados.
Felizmente, a meu ver, cresce cada vez mais a turma dos positivistas
pragmáticos, a qual grosso modo me alinho, que vê na tecnologia possibilidades
de um futuro melhor se aprendermos a usá-la de uma forma positiva.
E o que esse blá-blá-blá tem a ver com o
contexto da Educação, da escola e dos nossos capengas paradigmas didáticos?
Talvez tivesse pouca relação, se a escola fosse uma entidade sobrenatural
existente em algum outro universo ou dimensão, porém, não é esse o caso. A
escola onde aprendemos e ensinamos (ou não fazemos nem um nem outro) está toda
ela embebida nessa tecnologia e, principalmente, nessa preguiçosa práxis
tecnológica, exceto nos momentos de hipocrisia ou ingenuidade.
Alunos e professores todos os dias levam
telefones celulares para a sala de aula. Os filmes, as músicas, os jogos, as
relações interpessoais mediadas pelos protocolos da rede (física, lógica e
social), estão presentes nas salas de aula, nos banheiros, nos corredores, nos
pátios… Só não estão muito presentes, ainda, na didática dos professores, nos
materiais didáticos e nas aulas de prática de ensino das universidades que formam
professores.
E porque será que é tão difícil incorporar
na prática pedagógica essas ferramentas que já estão incorporadas no dia a dia
de alunos e professores?
Talvez a resposta seja mais objetiva do que
culpar os bodes expiatórios de sempre: professores despreparados e
desmotivados, alunos desinteressados e sem expectativas, governos incompetentes
e mal intencionados, etc. A resposta pode estar bem diante dos nossos olhos.
Talvez seja a mesma resposta que demos para justificar o desenvolvimento da própria
tecnologia: inteligência e criatividade.
Incorporar as TICs nas práticas pedagógicas
requer mais que oficinas de capacitação para uso de ferramentas (softwares e
equipamentos) ou lavagem pedagogico-cerebral, tentando algum tipo de
“convencimento” do professor. Talvez essa incorporação requeira um novo modo de
olhar o mundo, novas competências criativas e, infelizmente, talvez isso não
esteja ao alcance de alguns professores, mas eu não gostaria de ter que tomar
isso como premissa. Acho que ninguém gostaria de supor que exista uma “geração
perdida” e que, talvez, essa geração seja a nossa.
Vamos exemplificar esse discurso
“esquisito”: um dia, talvez inspirado pelas “calçadas rolantes” do Jetsons,
alguém inventou a “escada rolante”. Ela é muito útil para mover um número
grande de pessoas simultaneamente, para cima ou para baixo, e substitui com
grande vantagem os elevadores. As encontramos em metrôs, shopping centers,
grandes lojas, etc.
A escada rolante é um excelente exemplo de
uma tecnologia que nos torna preguiçosos, pois embora as escadas sejam mais
saudáveis (para a maioria das pessoas) é muito mais cômodo usar as escadas
rolantes e basta observar o movimento em um metrô ou num shopping center para
confirmar que a grande maioria das pessoas opta pelas escadas rolantes quando
têm a opção de escolher entre elas e as escadas comuns.
Um professor “tradicional”, desmotivado, mau
pago e desacreditado, diria que o problema é que as pessoas hoje em dia tem uma
péssima educação, não têm motivação para serem saudáveis e tendem sempre à
vadiagem. Ele não perderia seu tempo tentando convencer ninguém a usar as
escadas comuns ao invés das escadas rolantes, a menos que pudesse de alguma
forma “obrigá-las” a isso. Já um professor deslumbrado com a tecnologia diria que
as escadas rolantes são mesmo a melhor opção, pois poupam tempo, evitam
desgastes nas juntas dos joelhos e ainda permitem que durante o percurso se
possa acessar o twitter ou o facebook. Ele jamais obrigaria alguém a “voltar no
tempo”.
Assim, nenhum desses dois professores
aceitaria a tarefa de fazer com que as pessoas escolhessem, espontaneamente, a
escada convencional. Para ambos isso seria uma bobagem. Se recebessem essa
tarefa, fracassariam (e encontrariam culpados facilmente).
O professor que precisamos é aquele que não
recusaria essa tarefa e que seria capaz de mobilizar seus conhecimentos, sua
inteligência e criatividade para executá-la, ainda que ela não seja trivial.
Esse professor é o mesmo que consegue ensinar seus alunos a somarem e subtraírem,
com ou sem calculadoras e, acima de tudo, que consegue que seus alunos aprendam
sem serem chicoteados.
Causar essa “mudança de hábito”
espontaneamente é possível e, se você já está impaciente para saber como, veja
o vídeo abaixo e depois continue a leitura do texto.
Ok, isso não acontecerá em todas as escadas
do mundo, não é simples e nem barato para se fazer e, ao fim e ao cabo, se a
escada rolante for retirada as pessoas também subirão pelas escadas normais a
um custo bem inferior. Mas não é isso que está em questão aqui. O que está no
foco desse artigo é a “escada conceito” baseada naquilo que os criadores dessa
campanha publicitária chamaram de “The fun theory” (Teoria da diversão) e que
baseia-se numa premissa aparentemente sólida: é possível mudar o comportamento
das pessoas tornando as coisas mais divertidas.
Ninguém teve que ouvir palestras chatas
sobre porque subir escadas pode promover uma saúde melhor, ninguém foi obrigado
a subir pelas escadas convencionais porque lhe proibiram subir pela outra. Todos
podiam optar pela escada rolante, se quisessem, e só não quiseram subir por
elas aqueles que acharam “mais divertido subir pela escada piano”.
Não é fácil ter uma idéia criativa como
essa, mas se você consegue tê-la pode usar a própria tecnologia a seu favor
para torná-la possível. Também não é fácil para o professor ensinar o aluno a
somar e subtrair (se fosse fácil, para que precisaríamos de professores?), mas
é possível que alguns professores tenham idéias brilhantes sobre como fazê-lo.
Pode ser mais divertido jogar um videogame
com adições e subtrações no telefone celular do que copiar continhas da lousa e
fazer no caderno centenas de operações de somar e subtrair aparentemente sem
nenhuma razão; talvez as somas e subtrações possam ser contextualizadas, mesmo
sem muita tecnologia digital; talvez possam estar inseridas em
situações-problema do cotidiano do aluno…
Só o professor que não desiste sem
antes tentar é que poderá ter a oportunidade de descobrir qual é o melhor
caminho para isso fazendo uso de toda tecnologia que dispuser. E fazer bom uso
das TICs para ensinar mais e melhor é exatamente o que podemos chamar de um
“bom uso pedagógico das TICs”.
O uso pedagógico das TICs pode ser um
caminho promissor para tornar o aprendizado escolar algo menos enfadonho e,
talvez assim, consiga resgatar em alguns momentos a “diversão de aprender”.
Pode não ser fácil encontrar soluções inteligentes e criativas o tempo todo,
mas, podemos compartilhar as boas idéias de maneira a construirmos um
conhecimento em rede. É a isso que chamamos de Sociedade do Conhecimento (não
uma sociedade que conhece tudo, mas uma sociedade que constrói e compartilha
conhecimento de forma eficaz por meio de redes sociais interativas).
Ao professor também cabe construir
tecnologia e compartilha-la. Não estamos falando de aparelhinhos tecnológicos,
mas sim de tecnologias de ensino que possam tornar o aprendizado mais
divertido, interessante, criativo e inteligente. Afinal, há uma boa chance de
que um novo ensino, inteligente e criativo, ajude a desenvolver essa nova
geração, preguiçosa como a nossa, mas também muito inteligente e criativa, para
que a seu tempo ela possa assumir a condução dessa sociedade estranhamente
tecnológica onde vivemos hoje.
(*) Para citar esse
artigo (ABNT, NBR 6023):
ANTONIO, José Carlos.
Educação, TICs e diversão, Professor
Digital, SBO, 08 janeiro 2012. Disponível em:
<http://professordigital.wordpress.com/2012/01/08/educacao-tics-e-diversao/>.
REFLEXÃO
Por Tereza Sigwalt
Pesquisando na internet encontrei um site muito interessante, que traduz muitos dos meus questionamentos diante da velocidade do novo, como imposição externa, mas tambem traz sugestões criativas e por que não se dizer vanguardista, numa forma de aproveitar os recursos que os alunos trazem para sala de aula em termos de tecnologia.
Muitas
vezes, o professor por não estar “antenado” para isso ou por puro
tradicionalismo ou ate autoritarismo, não aproveita estas oportunidades para
construir uma nova forma de ensinar, muito mais atraente e veloz, como os dias
prescindem e como os alunos necessitam.
Mas,
para isso é preciso reflexão. E não um monte de leis simplesmente proibindo
celulares na sala de aula, ou planejamentos que engessam a atuaçao dos
professores, de forma mais criativa e inesperada. Pois a cada dia algo novo
acontece no mundo, e como num jogo de dominós, repercutem em todos, esse é o
nosso novo mundo global. A escola não mais poderá ser um mundo à parte, onde se
criava uma vivência própria com uma linguagem diferenciada, quase virtual.
A
escola hoje, é um micro cosmo, e está ligada 24 horas, a todas as escolas da
cidade, do país e do mundo, e quem a faz conectada e similar são os próprios
alunos, que ligados pela tecnologia, querem fazer parte da grande rede web.
Mas,
como utilizar todo esse potencial e velocidade, para “ensinar” conteúdos
“antigos”, com formatos ultrapassados, com recursos modernos muitas vezes
subutilizados e com professores não habilitados que ainda tem medo de “errar”
no computador, sem ter a menor intimidade com ele?
E
ainda tendo que atuar em sala de aula como o maestro da banda, tendo que
observar mil leis desde o ministerio ate ao regimento interno da escola, tendo
que planejar projetos criativos, com uma população totalmente diversificada,
com necessidades especiais, atentos aos reclames da comunidade na qual a escola
esta inserida, avaliar de forma não excludente, reividicando melhores salários,
tendo que dar aulas em mais de uma escola, tendo que participar de congressos
para se atualizar, e etc..
Em
que momento este professor vai poder “curtir” o seu ofíco junto aos seus
alunos? Em que momento ele vai poder participar do mundo web, das redes
sociais, relaxadamente, sendo tambem ele parte desse todo?
Sei
que hoje temos que ser multifuncionais como muitas máquinas, mas quando tratamos
de pessoas, de crianças e de jovens é preciso ter mais cuidado, é preciso ter
mais tempo, para sentir a dificuldade de cada um, para reconhecê-los não apenas
pelo nome, mas ao fazer a avaliação qualitativa de cada um, realmente
conhecê-los.
Para
saber o “outro” é preciso entrar nesse mundo único. E a convivência na sala de
aula, quando bem aproveitada, vai demonstrando o caleidoscópio que representa
cada um, com seus formatos diferenciados, seus desenhos únicos, suas mistura de
cores inéditas, seu potencial a ser descoberto e desenvolvido. E é assim que o
aluno, quer ser visto e tratado, como um ser único.
Se
a tecnologia veio para, diminuir o tempo gasto com movimentos mecânicos e
repetitivos, para se ganhar mais “tempo”, para se ter “tempo” para investir na
qualidade das relações, aonde esse bem precioso esta sendo disperdiçado?
Tereza
Sigwalt
NOTÍCIA
“JORNAL
CORREIO DO POVO,
Porto Alegre, Rs,
veiculado dia 28/04/2012”
Uma
professora estava ensinando a uma turma de 5ª série, as diversas utilidades dos
números na vida cotidiana, e usando os recursos simples disponíveis na escola,
tentava explicar o funcionamento do código de barras, presente em muitos
documentos, em etiquetas de preços de produtos e em muitas situações do dia a
dia. Quando um aluno pega o seu celular e pergunta:
- É sobre isto que a
professora esta falando? Nem mesmo ela sabia que celulares possuíam scaners
para código de barras com leitor ótico. A professora agradeceu a contribuição
do aluno que fez a demonstração do funcionamento do mesmo, para surpresa e
curiosidade dela própria e da turma,
demonstrando a sua habilidade e o seu
conhecimento.
Na matéria do jornal ela faz uma reflexão sobre a
dificuldade dos professores de estarem a frente do conhecimento moderno,
principalmente no que diz respeito ao mundo eletrônico e de informática, não
sendo os professores, mais detentores absolutos, como antigamente. As
informações evoluem em grande velocidade, e verdadeiramente, não há como saber
tudo, tornado-se cada um co-adjuvante na construção do conhecimento em sala de
aula e na vida.
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